Depois de muito tempo simplesmente escrevendo literatura (mais poesia do que prosa), escrevendo e postando e nada mais, é hora de dar mais as caras. Mas não muito. Voltar a visitar blogs alheios, coisa que ficou impossível nos últimos tempos pelo simples motivo da falta de acesso a internet, entrar em contato com outros poetas e escritores em geral, postar com mais frequência, escrever mais textos que não sejam literários, essas coisas. Mas não, ainda não é a hora do Twiter. Simplesmente não consigo entender direito aquela coisa.
É hora de copiar coisas legais por aí (como essa idéia de colocar um texto junto com as poesias as poesias, ligado a ela ou não), de conversar com pessoas, esta chegando o verão e agora que moro em uma ilha sazonal tenho que aprender que o sol chega e o sono vai embora. Aqui em Florianópolis a coisa é diferente do que em Sampa. Pode ser que o "movimento cultural" não seja tão "forte" como o de São Paulo, mas aqui encontramos artistas, pequenos ou grandes, com muita facilidade, em cada esquina. Por aqui os poetas não tem vergonha de serem poetas, não esperam que ninguém no mundo, senão eles próprios, os concedam o título de poeta. Eles escevem, simplesmente, ou nem mesmo escrevem, smplesmente criam e guardam em suas cabeças amalucadas para recitar depois em rodas que seriam consideradas cafonas por circulos intelectualóides de outras metrópoles, gente que "já passou dessa fase", são poesias geniais e grandes porcarias, quem se importa? São poetas, tem o direito de serem poetas e o usam à vontade.
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Um poema sem penas não voa
um poema sem pernas não anda
um poema sem pé nem cabeça
não fica de pé e nem pensa!
(mas quem sabe agrade alguém da imprensa).
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Mas aqui, como em diversos outros lugares, inclundo Sampa, há espaço pra poucos no mercado. Os editais são sempre uma esperança, mas só pra quem tem o nome limpo na praça, escritores que já se foderam em outras instâncias da vida não podem usufruir de dinheir público para ver sua obra publicada e/ou divulgada. E também não adianta deixar seus poemas jogados na internet nessa postura blasé de poeta que não se importa, esperando (sentado) desesperadamente a vida inteira que algum grande poeta ou editor ou qualquer merda formador de opinião apareça no blog de paraquedista e descubra sua obra genial. Quantos por aí não se concebem gênios? E quantos por aí também tem obras chatinhas, chatinhas, mas correram atrás e conseguem lá suas pequenas glórias e (por que não?) às vezes até algum trocado? Então chega dessa pasmaceira, vamo em frente que atrás vem gente! Se é lobby que eles querem, é lobby que eles vão ter.Hoje o sol brilha forte na capital de Santa Catarina, os surfistas playboys estão surfando (os surfistas pobres estão juntando dinheiro pro ônibus), as patricinhas estão no shopping, os turistas torram Euros em dry martinis na piscina do Costão do Santinho enquanto muitos migrantes, como eu, esperam o sol se por para sair de casa e compor as grossas fileiras de trabalhadores que dão sustança a vida notuna da capital turística. Lá vou eu cozinhar. Cozinhar para os outros comerem e assim levar comida para meus comilões em casa. Mas o artista que não nasceu em berço de ouro não pode deixar que o mundo (do trabalho) o paralise. Há muita poesia nos ambientes quentes onde vendemos nosso tempo por alguma mixaria, onde padronizamos nossos talentos em busca da maior produtividade. E há muita arte voltada para o nada, coisas piores que as novelas do Manoel Carlos e todos os problemas de suas Helenas burguesas. Mas poesia é vida, e a vida está lá fora. Eu vou atrás dela e isso não pode me privar dela, seria paradoxo demais. Ninguém pode trabalhar a dor tão bem quanto um artista trabalhador.
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Haicai do cozinheiro cansado e mal-remunerado
Ei Alvaro Garneiro
Porque você não vai se foder
com seu carré de cordeiro?
Haicai do cozinheiro cansado e mal-remunerado
Ei Alvaro Garneiro
Porque você não vai se foder
com seu carré de cordeiro?