terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Onde estarão meus amigos viajantes?

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Onde estarão meus amigos viajantes?
Em que cidade caminham, os pés sujos?
hablando para treinar...
fumando para acalmar...
Será que eles ainda tem rumo?
Será que eles ainda tem fumo?

Quero juntar-me a vocês, camaradas!
Levarei erva verde na bagagem,
abraço quente,
meu futuro filho ainda
na embalagem,
minha mulher ,minha criança,
meus olhos doentes, cheios de lágrimas.
minhas contas pagas, minhas lástimas…

Onde vocês estão, meus amigos?
Por qual caminho devo seguí-los?
Me digam e apressarei
meus passos tranqüilos,
respondam e correrei
rumo ao infinito.

Meus pés anseiam por chão de terra batida.
Quero levar meus filhos para conhecer a vida
- verdadeira vida -
cansei de acordar cansado,
dormir enjaulado.

Não quero ser tão mal-exemplo.

Em qual estrada carrearei meu carro?
Não pararei nem para um trago.

Não descansarei meus braços.

Meus olhos só fecharão
quando avistarem o abraço,
meus passos só cessarão
quando de novo houver traço
de amizade que então
nos unia em laço.

Quero sentir correr nas veias
o tal sangue latino!
Quero ferver nas artérias
meu sangue maldito!

Quero queimar minha pele pálida,
alimentar minha alma cálida.

Levarei meus dilemas e alguns poemas
que escrevi enquanto esperava
a hora certa.

- Mas a hora é sempre incerta,
é sempre tempo de partir -

Portanto aceitem minha oferta:
quero recitar meus versos vagos
a ouvidos atentos,
quero gritar - controverso e gago! -
sem constrangimento,
quero sentir-me abençoado
pelo deslocamento,

já cansei de me locar,
vou descolar, vou decolar…

espero apenas
com sentimento.

Amigos, isso não é apenas poesia:
é desalento!
É pedido de socorro,
grito, esporro, investimento.

Vou esperar enquanto agüento.

Se não responderem, saio assim mesmo.

Na falta de norte, seguirei o vento.

Hei de encontrar vocês
em qualquer cruzamento.
i

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

i
As lágrimas correm
lúgubres pela face.

Os olhos, esgotados,
só enxergam gotas.
A boca mal
sorve a sopa,
a fome é muita,
a fome é pouca.

A rima, pobre ou rica,
é sempre boba.
O poeta, bom ou ruim,
é sempre pouco,
é sempre pobre,
é sempre louco,
é sempre um soco
que dói a mão
do socador.


ca
a
dor
que
não
sem
te
ar
dor.

Soca
com
gozo
peri
goso.

Goza
dor.
.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

i
Amar mais do que eu te amo
é desumano.
É mais do que raro:
é errado e é claro
que é impossível,
ininteligível,
incognoscível.

Não há metáfora, pois não há imagem,
está alem da imaginação.
i

Voltando.

Olá pessoal. Antes de mais nada, é preciso explicar que esse foi um blog que criei para postar minhas poesias, algo discreto, nada mais , só para não tê-las exclusivamente no Sindicato. Acabei abandonando logo o pobre coitado, pois precisava do nome (ô falta de criatividade!) para outro blog que estava nascendo, com outra proposta e, que zica!, esse blog também não deu certo. Como não tinha apagado o endereço, usei como depósito de imagens na internet, imagens que queria em outro sítio, e depois abandonei completamente esse OReverso. Mas olha só que curioso: esses dias dei uma olhada nele e percebi que suas poucas postagens tinham uma penca de comentários que eu nunca tinha visto (um blogueiro mal visitado tende a considerar de cinco a oito comentários por post algo muito grande. Vou responder, mesmo que tardiamente, a todos!). Percebi que muitas pessoas de blogs que visitei por aí responderam meus comentários nessa casa abandonada, outros caíram aqui por acidente e acabaram comentando e, o mais legal, as imagens que coloquei pelos motivos citados também estavam comentadas. Achei isso muito divcertido. A questão é que fazia tempo que eu cogitava criar um canto pra dar alguns palpites diversos, postar de novo minhas poesias, ter um lugar só meu. Acho que minha insegurança gigante sempre fez com que preferisse me cercar de outros aspirantes a escritores e poetas, mas com o tempo esses aspirantes acabam evoluindo (o que espero que tenha acontecido comigo também!) e por isso resolvi largar de ser bundão e me estabelecer sozinho em um lugar, já que os poucos leitores que passaram por esse endereço pareceram gostar um pouco, resolvi que seria aqui mesmo. Estou até prestes a sair num livrinho bacana com um pessoal bacana, apesar do medo imbecil acho que deve ser mesmo essa a hora de dar um pouco mais as caras nesse mundo ingrato da literatura. O Sindicato continua lá, firme e forte, voando até mais alto do que antes, e por lá publicarei algumas novidades sempre, mas esse OReverso aqui voltará a ter vida depois de tanto tempo no limbo! Pois bem, é isso. Vou postar alguma poesia logo na sequência, e daqui pra frente virão outras, junto com contos, fragmentos de romances em construção, ainda vou me atrever a dar uns pitacos em um assunto ou outro, coisa ligada a literatura e arte no geral, mas não sempre, postar mais algumas imagens quem sabe, pequenices diversas. Vamos ver no que dá.