Marinete hoje está diferente:
seus olhos transbordam saudades.
Deitada sob o sol,
a cabeça apoiada sobre as patas cruzadas,
Marinete pensa desesperadamente em Madalena.
Brigaram muitas vezes, é verdade;
Trocavam rosnadas e patadas o dia inteiro
Mas todos sabem que à noite,
longe de olhos humanos e enxeridos,
dormiam entrelaçadas como duas amantes.
Afinal, todo amigo é um amante.
Madalena foi viver em um lugar melhor, também é verdade,
mas nada disso consola
E agora, Marinete olha triste para a tigela laranja
perguntando-se qual a razão de tanta ração.
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Ps: Esse poema foi selecionado para a 41a Antologia Brasileira de Poetas Contemporâneos, da Camara Brasileira do Jovem Escritor, e deve ser publicado ainda agora, novembro de 2007.