segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Quero um canto
para cantar.

Quero um canto
para descansar.

Quero um canto
para de cantar!

Quero um conto,
quero um desconto,
quero cor.

Queria, não quero.
Queria não, quero.

Quero tudo,
quero nada,
o que sou?
Quantos sou?
Daqueles que sou,
quantos são?
Quantos querem?
O que querem?
Quantos sãos?

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Pobre do Porco

Pobre do porco

Quando nasceu, perdeu a mãe,
que precisava gerar outros
porcos.

Cresceu tão sozinho,
no meio de tantos,
o pobre do porco,
logo foi castrado,
ficou desdentado,
supra-alimentado,
logo ficou gordo,
anabolizado,
logo foi ceifado,
limpo e embalado,
pronto para ser
comercializado,
logo foi comprado...

Pobre do porco...
Não fosse tão gordo.....
Tão gostoso...
Tão gorduroso!

Talvez escapasse
de um destino assim:
tão glorioso!

Ser o (in)feliz
protagonista de
uma charmosa
comemoração.

O prato principal!
Grande e grelhado
astro da maior
das festividades.

O grande alvo
dos holofotes.

Mas o acaso é algoz cruel.
(E as idéias se repetem)

O porco, o pobre do porco,
pouco antes de ficar pronto,
escorregou, caiu na brasa.

- Quem foi o filho da puta
que deixou essa merda
cair na churrasqueira?

A festa, insatisfeita,
protesta, mas logo o luto
cessa. É festa! Tanta
cerveja ainda resta,
todos voltam depressa,
para a celebração.

E o porco,
pobre do porco,
acabou cremado!

Viveu por nada,
morreu em vão.