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- sou tão, mas tão desastrado
que derrubei essas palavras (sem métrica!)
nessa folha amassada.
perdão, foi sem querer, eu juro!
não foi por nada.
prometo que vou me calar.
oh, mil perdões, derrubei também
alguns impropérios,
mas já vou recolher!
juro que esse “filho da puta!”
não é pra você.
vou catar essa “merda” que deixei cair,
deixarei tudo limpo,
já vou me omitir!
(como convém)
desculpa mesmo,
juro que não quis
incomodar ninguém.
- mas já incomodou, moleque pentelho!
pensas que é poeta? te olha no espelho!
és só um fedelho, que menino feio!
- desculpa, perdão,
me poupe o sermão
prometo que vou
recolher o refrão!
- recolha então!
- não recolho não!
- recolha senão
não te dou um tostão!
- recolho então,
e peço perdão,
ponho-me no chão,
não me deixe mão!
- te dou um vintém:
largue a poesia!
cansei de te ver
nessa vida vadia.
o bolso furado
dinheiro não tem
se quer ser poeta,
que seja, amém!
mas já não espere
por nenhum trocado
seguirá vazio
teu bolso furado.
- desculpa então,
me poupa o sermão,
prometo que vou
recolher o refrão.
- recolha então!
- não recolho não!
- recolha senão
não te dou um tostão.
- recolho então,
e peço perdão,
ponho-me no chão,
não me deixe mão!
- pois pára com isso,
moleque atrevido
se continuar
te dou um castigo!
- ah, castigo não!
versei sem querer,
caíram os versos,
não pude conter.
tentei segurar
mas eram tão lisos!
jogavam-se loucos
mirando o piso.
portanto: foi mal!
não fiz por querer!
juro, algo igual
não vou mais fazer!
- não faça, senão
não vou esquecer.
- desculpa, perdão,
me poupe o sermão
prometo que vou
recolher o refrão!
- recolha então!
- não recolho não!
- recolha senão
não te dou um tostão.
- não recolho não,
nem peço perdão,
não quero tostão,
me basta a canção.
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